quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Pequeno Príncipe-Cap.7

Cap.7
No quinto dia ,sempre graças ao carneiro,êste segredo da vida do pequeno príncipe me foi de súbito revelado.
Perguntou-me,sem preâmbulo,como se fora o fruto de um problema muito meditado em silêncio:
-Um carneiro ,se come arbusto,come também a flores? 
-Um carneiro come tudo que encontra.
-Mesmo as flores que tenham espinhos?
-Sim.Mesmo as que têm.
-Então. . . para que servem os espinhos?   
Eu não sabia.Estava ocupadíssimo naquele instante,tentando desatarrachar do motor um parafuso muito apertado.Minha pane começava parecer demasiado grave,em  breve já não teria água para beber. . . 
-Para que servem os espinhos?
O principezinho jamais renunciava a uma pergunta,depois que a tivesse feito.Mas eu estava irritado com o parafuso e  respondi qualquer coisa:  
-Espinho não serve para nada.São pura maldade das flores.
-Oh !
Mas após um silêncio,ele me disse com uma espécie de rancor:
-Não acredito !As flores são fracas.Ingênuas.Defendem-se como podem.Elas se julgam terríveis com seus espinhos. . . 
Não respondi.Naquele instante eu pensava:" Se esse parafuso ainda resiste,vou fazê-lo saltar a martelo".O principezinho perturbou-me de novo as reflexões:
-E tu pensas então que as flores . . .
_Ora! Eu não penso nada.Eu respondi qualquer coisa.Eu só me ocupo  com coisas sérias!
Ele olhou-me estupefato:
-Coisas sérias!
Via-me ,martelo em punho  ,dedos sujos de graxa,curvado sobre um feio objeto.
-Tu falas como as pessoas grandes...
Senti um pouco de verginha.Mas ele acrescentou,implacável:
-Tu confundes todas as coisas ...Mistura tudo!
Estava realmente muito irritado.Sacudia ao vento seus cabelos de ouro:
-Eu conheço  um planeta onde há um sujeito vermelho,quase roxo.Nunca cheirou nenhuma flor.Nunca olhou uma estrela.Nunca amou ninguém.Nunca fez outra coisa senão somas.E o dia todo repete como tu:"Eu sou um homemsério ! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho.Mas ele não é um homem:é um cogumelo !
-Um o quê!
-Um cogumelo!
O principezinho estava agora pálido de cólera.
-Há milhões e milhões de anos que as flores fabricam espinhos.Há  milhões e milhões de anos que os carneiros as comem,apesar de  tudo.E não será sério procurar compreender porque perdem tanto tempo fabricando espinhos inúteis?Não terá importância a guerra dos carneiros e das flores?
Não será mais importante que as contas do tal sujeito? E se eu,por minha vez,conheço uma flor única no mundo,que só existe no meu planeta,e que um belo dia um carneirinho ppode liquidar num só golpe,sem avaliar o que faz,-isto não tem importância?!

Corou um pouco,e continuou sem seguida:
-Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas,isso basta para que seja feliz quando as contempla.Ele pensa:"Minha flor está lá,nalgum  ligar. . ."Mas se o carneiro come a flor,é para ele,bruscamente,como se todas as estrelas se apagassem" E isto não tem importância !
Não pode dizer mais nada.Pos-se bruscamente a soluçar.
A noite caíra.Larguei  as ferramentas.Ria-me do martelo,do parafuso,da sede e da morte.Havia numa estrela,num planeta,o meu,a Terra,um principezinho a consolar!Tomei-o nos braços. Embalei-o. E lhe dizia:"A flor que tu amas não está em perigo...
Vou desenhar uma pequena mordaça para o carneiro...Uma armadura para a flor...Eu..."
Eu não sabia o que dizer.
Sentia-me desajeitado.
Não sabia como atingí-lo,onde encontrá-lo...
É tão misterioso,o país das lágrimas!




   
**********
Namastê! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário