domingo, 15 de maio de 2011

Oráculos

CHI CHI/Após a conclusão

Quando a chaleira com água se encontra sobre o fogo,
os dois elementos interagem e assim gera-se energia(a produção de vapor).

Porém ,a tensão que isso produz exige cautela.
Se a água ferve e transborda,o fogo se apaga e a energia é perdida.

Se o calor for demasiado,a água evapora.

Fogo e água são por natureza,hostis um ao
outro.
Só a máxima cautela pode evitar danos.

Na vida também
há situações em que todas as forças podem ser equilibradas
e interagir em harmonia.

O sábio reconhece os sinais que pressagiam o perigo e sabe como evitá-lo
providenciando,em tempo,medidas preventivas.
Assim ele evita os extremos e segue o curso natural-o caminho do meio.

Namastê!


terça-feira, 5 de abril de 2011

A vida e o pêndulo

A vida e o pêndulo

Nossa vida é regida por segundos,horas,dias ,meses e ano.
Cada segundo diferente do anterior.

Temos quatro estações no ano.
Mas tem época que o inverno nunca acaba...
E meu inverno está sendo rigoroso.
Aparece o sol,ele ameniza esse frio interior.


Gostaria de poder mudar o tempo,
mudar as horas,
mudar o clima,
mudar-me.

Sonho com a primavera,
tudo florido,
a
espera do verão.

Sonho com o sol
energizando
minh"alma.

Sonho com os segundos
passando lentamente
e
alterando minha hora.

Quero mudança,
mudar a pele,
mudar a face,
mudar .

Enquanto isso,
fico
aguardando
o pêndulo
da vida
me buscar.

Namastê

domingo, 6 de março de 2011

Os sósias do rei

Soyuti,célebre historiador árabe,de origem persa,que viveu na segunda metade do século XV,escreveu:

"O califa AL-Motassim ,de Bagdá.merece ser apontado entre os soberanos mais gloriosos do mundo!"

Para aqueles que vivem alheios aos episódios da vida árabe,a opiniao do erudito Soyuti,sobre o emir AL-Motassim,parece repintada com as cores berrantes do exagero.
Não vale a pena discutir,meu amigo ,sobre a vaidade e justeza desta ou daquela opinião.Em nossas tendas jamais acendemos o narguilé venenoso das controvérsias inúteis.Vou ,apenas,recordar um singular episódio ocorrido com o famoso califa que o sábio historiador pretendeu incluir entre os "mais gloriosos do mundo".

Conta-se(Allah,porém ,é mais sábio) que AL-Motassim,califa de Bagdá,chamou um dia o seu Prefeito e disse-lhe:
-É verdade ó Prefeito!,que vivem nesta cidade ,e já foram visto pelos meus amigos,homens extremamente parecidos comigo?
Respondeu o Prefeito:
_É verdade sim ,ó Emir dos Crentes!Conheço dois muçulmanos que são como retratos vivos de Vossa Majestade.Um deles exerce a profissão de pasteleiro e outro é fabricante de tapetes.É possível,porém,que existam outros sósias de Vossa Majestade sob o céu desta gloriosa Bagdá.
-Pois faço grande empenho em conhecer os meus sósias-declarou o rei-Convida-os a uma reunião em palácio,pois a todos darei ,sem exceção,ricos presentes.

Aquela ordem do monarca foi atendida com a maior solicitude e presteza.O Prefeito fez anunciar pelos pátios das mesquitas,bazares e pelos recantos longínquos da grande cidade que todos os homens que se julgarem parecidos com o Califa deveriam comparecer,em dia e hora,certos ,ao "divã" das audiências.
O Poderoso Emir prometia generosas recompensas.

O caso despertou grande curiosidade.Quantos sósias teria,afinal o rei?

No dia marcado,no suntuoso salão das audiências,o poderoso monarca,rodeado de seus vizires,cadis e altos funcionários da corte,recebeu os pretendentes que eram,aliás em número de sete.
Havia,entretanto,uma particularidade que fez sorrir o Rei e causou certa impressão de constrangimentos aos cortesãos.Dos sete candidatos aos prêmios ,seis eram pareccidíssimos com o monarca:o sétimo ,porém,era inteiramente diferente.
Os sósias foram,um a um ,recebidos em audiência e chamados para junto ao trono.A cada um deles dirigia o rei palavras de estímulo,de bondade e simpatia.E todos partiam radiantes de alegria,com vinte dinares de ouro e um belo turbante de seda.
Chegou finalmente ,a vez do último-o tal cuja figura em nada se assemelhava ao Rei.
Os vizires e cheiques ,entreolhavam-se espantados.
O pretenso "sósia",num andar tranquilo e firme,aproximou-se da larga escadaria de mármore cor-de-rosa,que conduzia ao trono.
-Meu amigo-disse-lhe bondoso o soberano árabe-sei que há enganos sérios na vida e que não raramente o homem é levado a errar involuntariamente nas coisas mais simples e pueris.O teu comparecimento a este concurso só pode ser explicado por um lamentável equívoco de tua parte.Não quero admitir a hipótese de teres sido inspirado pelo desejo ambicioso de zombar de mim.Ora ,o meu convite era dirigido exclusivamente aqueles que se julgassem parecido comigo,e pelo que me é dado observar somos inteiramente dessemelhantes.
Repara bem meu amigo.Sou corpulento,alto e forte;és ao contrário,franzino,baixo e fraco,tenho olhos negros e pele morena:os seus olhos são azulados.....A única semelhança ,ó muçulmano,que pode perceber,ambos somos homens.....Receberás um prêmio bem menor,um dinar de prata ..e nada mais!

O homem de olhos azuis,depois de ouvir,a sentença do Califa,inclinou respeitosamente e depois falou:
_Agradeço o vosso dinar,ó Comendador dos Crentes!mas não posso aceitá-lo.Fui iludido pelas aparências.Quando aqui compareci julguei,realmente ,que eramos muito parecidos.
-Sim ó Emir dos Crentes.Julgava que havia entre nós grande parecença.Essa parecença não era física-pois a semelhança física,que acaso exista entre duas pessoas,o tempo a destrói e aniquila.
Certo estava de que eramos unidos por uma profunda semelhança de sentimentos e de espírito.julguei que nossa almas fossem como duas almas gemeas.Sou inteligente e estava convencido de que éreis inteligente também.Sou sincero,generoso e simples e julguei que éreis,do mesmo modo ,simples,sincero e generoso.

-Basta!-interrompeu placidamente o Rei-Se assim pensvas não houve asseguro,erro algum de sua parte.Somos ,realmente,muito parecidos.É grande a afinidade espiritual que nos aproxima.E posso demonstrar-te facilmente.Sou inteligente,pois compreendi muito bem a profunda lição moral que acabas de me dar;sou generoso,pois receberás de mim uma recompensa vinte vezes maior do que esperavas;sou simples e sincero,pois não hesito em reconhecer o meu erro diante de meus amigos e auxiliares.
*********

Era assim ,com destemor e sinceridade,que pensava e agia o magnânimo Califa AL-Motassim,Príncipe dos Crentes.
Não nos parece,portanto,envolver o menor traço de exagero ,o elogio formulado pelo historiador Soyuti.
AL-Motassim foi glorioso entre os mais gloriosos!
Uassalâ!

Do Livro "Seleções de Malba Tahan "

Namastê!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O amor e o velho barqueiro

-...sim,meu amigo,não nego.
O Tempo arrancou-me do coração
o Amor que me afligia,mas
deixou,em seu lugar a Saudade!
Que farei eu agora,desta Saudade
que parece ser,mais forte e
mais torturante do que o Amor?
(FAUZI Maluf,trad.)

Chegando,afinal,à margem do grande rio,o Amor avistou três barqueiros
que se achavam indolentes,recostados às pedras.

Dirigiu-se ao primeiro:
-Queres,meu bom amigo,levar-me para outra margem do rio?
Respondeu o interpelado,com voz triste,cheio de angústia:
-Não posso,menino! É impossível para mim!

O Amor recorreu então ao segundo barqueiro,que se divertia em atirar pedrinhas ao seio tumultuoso da correnteza.
-Não.Não posso-respondeu secamente.

O terceiro e último barqueiro,que parecia o mais velho,não esperou que o Amor viesse pedir-lhe auxílio.Levantou-se tranquilo e ,estendendo-lhe,bondoso,a larga mão forte,disse-lhe:
-Vem comigo menino!Levo-te sem demora para o outro lado.

Em meio a travessia,notando o Amor a segurança com que o velho barqueiro navegava,perguntou-lhe:
-Quem és tu?Quem são aqueles dois que recusaram a atender ao meu pedido?
-Menino-respondeu,paciente,o bom remador-o primeiro é o Sofrimento; o segundo é o Desprezo.Bem sabes que Sofrimento e Desprezo não fazem passar o Amor.

-E tu quem é afinal?
-Eu sou o tempo,meu filho-atalhou o velho barqueiro.-Aprende para sempre a generosa verdade.Só o tempo é que faz passar o Amor!

E continuou a remar,numa cadência certa,como se o movimento de seus braços possantes fossem regulados por um pêndulo invisível e eterno.

Sofrimento e Desprezo...Que importa tudo isso ao coração apaixonado?
O Tempo ,é só o Tempo,é que faz passar o Amor.
(De"Minha Vida Querida")

Do livro "Seleções de Malba Tahan

Namastê!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A porcelana do rei

( Lenda chinesa)

Certa vez,achava-se Confúcio,o grande filósofo,na sala do trono.
Em dado momento,o Rei,afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam,dirigiu-se ao sábio chinês e perguntou-lhe:

-Dizei-me,ó honrado Confúcio: como deve agir um magistrado? Com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus,ou com absoluta benevolência-a fim de não sacrificar os bons?

Ao ouvir as palavras do soberano,o ilustre filósofo conservou-se em silêncio;passados alguns minutos de profunda reflexão,chamou um servo,que se achava perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes-sendo um com água fervente ,outro com água gelada.

Ora ,havia na sala,adornando a escada que conduzia ao trono,dois lindos vasos dourados de porcelana.Eram peças preciosas,quase sagradas que o rei muito apreciava.

E,com a maior naturalidade,ordenou o velho sábio ao servo:
-Quero que enchas esses dois vasos com a água que acabas de trazer,um com água fervente e o outro com água gelada!

Preparava-se o servo obediente para despejar,quando o rei,emergindo de sua estupefação,interveio no caso com incontida energia:

-Que loucura é essa,ó venerável Confúcio!Quereis destruir essas obras maravilhosas! A água fervente fará ,certamente, arrebentar o vaso: a água gelada fará partir-se em outro!

Confúcio tomou então de um dos baldes,misturou a água fervente com a gelada e com a mistura obtida,encheu os dois vasos sem perigo algum.

O poderoso monarca e os venerandos mandarins observavam atônitos a atitude singular do filósofo.

Este porém,indiferente ao assombro que causava,aproximou-se do soberano e assim falou:

-A alma do povo,ó Rei,é como um vaso de porcelana,e a justiça do rei é como a água.A água fervente da severidade ou a água gelada da excessiva benevolência são igualmente desatrosas para a delicada porcelana:manda pois a Sabedoria e ensina a Prudência,que haja um perfeito equilibrio entre a Severidade-com que pode castigar o mau,e a Longanimidade-com que se deve educar e corrigir o bom.

Namastê!

Do livro "Seleções de Malba Tahan"

sábado, 1 de janeiro de 2011

Oráculos

8.HSU/A ESPERA

A água acima,no céu,toma a forma das nuvens.Quando as nuvens se elevam,a chuva não tarda;assim todas as coisas,sem exclusão sao alimentadas e favorecidas.
Não há nada a fazer senão esperar que a chuva caia.
O mesmo ocorre na vida quando o destino articula seus movimentos.
Não se deve ceder a preocupações,nem procurar moldar o destino com intervenções prematuras.
Ao contrário,deve-se,com tranquilidade,fortificar o corpo,comendo e bebendo,e o espírito,através da alegria e do bom humor.
O destino virá no seu tempo devido e então se estará preparado.

Namastê!