quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O Pequeno Príncipe-Cap.2

Cap.2 

Vivi portanto só,sem amigo com quem pudesse realmente conversar,até o dia ,cerca de seis anos atrás,em que tive  uma pane no deserto do Saara.
Alguma coisa quebrara no motor.
E como não tinha comigo mecânico ou passageiro,preparei-me para empreender sózinho o difícil consêrto.
Era ,para mim,questão de vida ou de morte.
Só dava para oito dias a água que eu tinha.
Na primeira noite adormeci pois sobre a areia,a milhas e milhas de qualquer terra habitada.
Estava mais isolado que náufrago numa tábua,perdido no meio do mar.Imaginem então minha surpresa,quando ao despertar do dia,uma vozinha estranha me acordou.
Dizia:
-Por favor... desenha-me um carneiro!
-Hein!
-Desenha-me um carneiro... 
Pus-me de pé ,como atingido por um raio.
Esfreguei os olhos.
Olhei bem.
E vi um pedacinho de gente inteiramente extraordinário,que considerava com gravidade.
Eis o melhor retrato* que ,mais tarde,consegui fazer dêle.
Meu desenho é,seguramente,muito menos sedutor queo modêlo.
Não tenho culpa.
Fôra desencorajado,aos seis anos,da minha carreira de pintor,e só aprendera a desenhar jibóias abertas e fechadas.
Olhava pois a aparição com olhos redondos de espanto.Não esqueçam que eu me achava a mil milhas de qualquer terra habitada.
Ora ,o meu homenzinho não me parecia nem perdido,nem morto de fadiga,nem morto de fome,sêde ou de mêdo.
Não tinha absolutamente a aparência de uma criança perdida no deserto, a mil milhas da região habitada .
Quando pude enfim articular palavra,perguntei-lhe:
-Mas...que fazes aqui?
E êle repetiu-me então,brandamente ,como uma coisa muito seria:
-Por favor... desenha-me o carneiro...

Quando o mistério é muito impressionante,a gente não ousa desobedecer.Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares e em perigo de morte,tirei do bôlso uma fôlha de papel e uma caneta.
Mas lembrrei-me então que eu havia estudado de preferência geografia,história,cálculo e gramática, e disse ao garôto(com um pouco  de mau humor)que eu não sabia desenhar.
Respondeu:
-Não tem importância.Desenha-me um carneiro.
Como jamais houvesse desenhado um carneiro,refiz para êle um dos dois únicos desenhos que sabia.O da jibóia fechada.E fiquei estupefato de ouvir do garôto  replicar:
-Não! Não!Eu não quero um elefante na jibóia.A jibóia é perigosa e o elefante toma muito espaço.
Tudo é pequeno onde eu moro.Preciso  dum carneiro.Desenha-me um carneiro.
Então desenhei.
Olhou atentamente ,e disse:
-Não! Êsse já está muito doente.
Desenha outro.
Meu amigo sorriu com indulgência:
-Bem vês que isto não é carneiro.É um bode...Olha os chifres.
Fiz mais uma vez o desenho.
Mas êle foi recusadi como os precedentes:
-Êste aí é muito velho.Quero um carneiro que viva muito.
Então,perdendo a paciência,como tinha pressa de desmontar o motor,rabisquei o desenho ao lado.
E arrisquei:
-Esta é a caixa.O carneiro está dentro.
Mas fiquei surprêso  de ver iluminar-se a face do meun pequeno juiz:
-Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para êsse carneiro?
-Por que?
-Porque é muito pequeno onde eu moro...
-Qualquer coisa chega.Eu te dei um carneirinho de nada!
Inclinou a cabêça sôbre o desenho:
-Não é tão pequeno assim... Olha! Adormeceu...
E foi dêsse modo que travei conhecimento,um dia,com o pequeno principe.


Namastê!


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